A Lenda do Tutu Marambá

Irmão do Bicho-Papão e do Boi da Cara Preta, o Tutu Marambá é uma criatura toda negra, sem ter, porém, forma discernível alguma. (A palavra Tutu, segundo Câmara Cascudo, provém do termo africano quitutu, que significa “ogro” ou “papão”.)

Apesar de não ser tão popular quanto o Bicho-Papão, que chegou a virar termo proverbial, o Tutu Marambá é senhor dos terrores noturnos infantis na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
A lenda do Tutu
Existem várias modalidades da criatura, das quais a mais singular é a do Tutu-zambê, que, além de não possuir forma, não possui também a cabeça.

Na Bahia, por sua vez, o Tutu Marambá deixa de ser uma mera sombra para assumir a forma explícita de um porco-do-mato, graças à semelhança dos termos tutu e caititu. (O caititu, ou queixada, é uma espécie de porco selvagem, montaria predileta do Caipora nortista.)

Segundo a crença, o Tutu marambá persegue as crianças arteiras e, principalmente, aquelas que não querem dormir.

O mito, segundo Câmara Cascudo, é importado da Europa e da África. Nossas mães indígenas, ao contrário, preferiam invocar, numa admirável lição de delicadeza, o auxílio dos pássaros ou animais de sono prolongado, a fim de que o emprestassem a seus indiozinhos insones. (Acatipuru, empresta teu sono / para meu filho dormir... / Iacuturu, empresta teu sono / para meu pequeno filho dormir..., diz, como numa oração, o suave acalanto).

Tutu Marambá - Canção Popular

Tutu Marambá não venhas mais cá

Que o pai do menino te manda matar (repete)

Durma neném, que a Cuca logo vem

Papai está na roça e Mamãezinha em Belém

Tutu Marambá não venhas mais cá

Que o pai do menino te manda matar (repete)
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3 Comments
  • MAURÃO
    MAURÃO 25 de fevereiro de 2021 às 21:22

    Como é rico e encantador o folclore do meu país! Orgulho-me imensamente, enquanto observo o culto à insensibilidade e à brutalidade tomar conta de tudo. Infelizmente!

  • Anônimo
    Anônimo 1 de maio de 2022 às 16:05

    A música que cantavam em SP, tanto na Capital como no litoral e no interior era
    "... não venhas mais cá que a MÃE da criança te manda matar"

  • Anônimo
    Anônimo 2 de maio de 2025 às 10:27

    é assustador nosso folclore

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