Deuses Ancestrais: Revelando o Fascinante Panteão Tagalog das Filipinas
Você já se perguntou sobre as crenças que moldaram as Filipinas antes dos navios espanhóis chegarem? Imagine um mundo onde a natureza pulsava com espíritos e deuses poderosos governavam os céus, os mares e a vida quotidiana. Esse era o universo espiritual dos antigos povos Tagalog. Hoje, vamos embarcar numa viagem fascinante. Vamos desvendar as histórias, os nomes e os papéis dessas divindades esquecidas. Prepare-se para conhecer o coração mitológico das Filipinas pré-coloniais.
Esse conjunto rico de divindades e espíritos forma o que
chamamos de Panteão Tagalog. Este Panteão Tagalog não
era um sistema rígido como o dos gregos ou romanos. Em vez disso, era mais
fluido, variando entre comunidades. Contudo, compartilhava figuras divinas
fundamentais e crenças animistas profundas. Essas histórias ancestrais oferecem
uma janela única. Elas revelam como os primeiros tagalogs entendiam o universo
ao seu redor. Vamos conhecer esses deuses e deusas esquecidos pelo tempo.
Por Que o Panteão Tagalog é Importante?
Primeiro, entender o Panteão Tagalog é
crucial para conhecer a identidade cultural filipina. Essas crenças são as
raízes mais profundas. Elas influenciaram costumes, valores e até a língua.
Infelizmente, muita coisa se perdeu durante a colonização espanhola. Os
colonizadores chamavam essas crenças de "superstições" ou "obra
do diabo".
Consequentemente, muitos registros escritos pelos próprios tagalogs foram destruídos. Porém, sobreviveram relatos valiosos em documentos espanhóis. Missionários e administradores, como Pedro Chirino e Francisco Colin, escreveram sobre as crenças locais. Além disso, vocabulários antigos, como o "Vocabulario de la lengua tagala" (1613) de Pedro de San Buenaventura, listam nomes de deuses e termos religiosos. Essas fontes, apesar do viés colonial, são essenciais. Elas nos permitem reconstruir parte desse mundo espiritual perdido.
O Que Compõe o Panteão Tagalog?
O Panteão Tagalog pré-colonial era complexo
e profundamente ligado à natureza. As crenças centravam-se no animismo e
no politeísmo.
1. Animismo: Os
antigos tagalogs acreditavam que tudo na natureza possuía uma alma ou espírito,
chamado "anito". Isso incluía:
o Locais
Naturais: Rios, montanhas, florestas, rochas grandes e cavernas.
o Elementos: O
vento, o fogo, a chuva.
o Plantas
e Animais: Árvores antigas, cultivos (especialmente o arroz), animais
poderosos.
o Antepassados: Os
espíritos dos mortos também se tornavam anitos. Eles podiam
influenciar a vida dos vivos, para o bem ou para o mal.
2. Politeísmo: Acima
dos inúmeros anitos, existia um grupo de divindades superiores.
Eles eram mais poderosos. Governavam grandes aspectos do cosmos e da vida
humana. Esses deuses e deusas formavam o núcleo do Panteão Tagalog.
Eles eram frequentemente invocados em rituais importantes. Pediam-se colheitas
abundantes, vitórias na guerra, cura de doenças e segurança nas viagens.
Os Deuses e Deusas Principais: Os Governantes do Cosmos
Vamos conhecer as figuras mais importantes deste universo
mitológico. Lembre-se: os nomes e alguns atributos podiam variar um pouco de
região para região.
- Bathala
(ou Bathalang Maykapal): O Criador Supremo
- Quem
Era: Bathala
era o deus mais elevado. Frequentemente chamado de "Maykapal" (o
Todo-Poderoso Criador) ou "Abba" (Pai). Ele
era visto como o criador do universo e da humanidade.
- Seu
Papel: Embora supremo, Bathala era frequentemente considerado um
pouco distante. Ele delegava muitas tarefas aos deuses menores. Associado
ao céu e ao trovão.
- Uma
História Importante: A lenda mais conhecida envolve Bathala
criando os primeiros humanos. Dizem que ele moldou uma estátua de barro.
Mas não conseguia dar-lhe vida. Foi a deusa Amihan (o vento nordeste) que
soprou sobre a estátua, trazendo-a à vida. Outras versões falam de um
deus menor, Ulilang Kaluluwa, que Bathala derrotou para estabelecer seu
domínio.
- Exemplo
Prático: Em tempos de grande perigo ou calamidade, os antigos
tagalogs poderiam apelar diretamente a Bathala. Pediam sua intervenção
suprema.
- Amanikable
(ou Amanikoable): O Senhor Tempestuoso do Mar
- Quem
Era: Deus do mar. Seu nome sugere associação com ondas
("alun") ou com a fúria ("kable"?).
- Seu
Caráter: Ao contrário de Poseidon, Amanikable era frequentemente
retratado como um deus solitário e mal-humorado. Dizia-se que era viúvo
ou rejeitado. Isso explicava seu temperamento violento.
- Seu
Poder: Controlava as ondas, as tempestades no oceano e as
criaturas marinhas. Era temido pelos pescadores e viajantes.
- Exemplo
Prático: Antes de uma viagem marítima, pescadores realizavam
rituais. Ofereciam presentes a Amanikable. Pediam-lhe águas calmas e
pesca abundante. Ignorá-lo podia significar naufrágio.
- Idiyanale
(ou Idianale): A Deusa Trabalhadora
- Quem
Era: Deusa do trabalho, da agricultura e dos ofícios. Patrona
dos artesãos, ferreiros e agricultores.
- Seu
Papel: Ensinava os humanos as artes da agricultura, metalurgia e
outras habilidades essenciais para a sobrevivência e prosperidade.
- Exemplo
Prático: Agricultores pediam a bênção de Idiyanale antes do
plantio e colheita. Ferreiros invocavam sua orientação para criar
ferramentas fortes e armas eficazes.
- Diyan
Masalanta: A Doce Protetora do Amor e da Família
- Quem
Era: A deusa mais compassiva do Panteão Tagalog.
Governava o amor, a paixão, a fertilidade, o parto e a proteção das
crianças.
- Seu
Papel: Intervinha para aliviar o sofrimento causado pelo amor
não correspondido. Protegia as mulheres durante o parto. Assegurava a
saúde e segurança das crianças.
- Exemplo
Prático: Jovens apaixonados faziam pequenas oferendas a Diyan
Masalanta. Pediam ajuda para conquistar o coração desejado. Casais sem
filhos suplicavam por sua fertilidade. Mães oravam por ela durante o
trabalho de parto.
- Lakapati
(ou Ikapati): A Generosa Doadora de Alimentos
- Quem
Era: Lakapati
uma das deusas mais importantes para a vida quotidiana. Deusa da
fertilidade, da agricultura e da generosidade. Frequentemente
representada como uma figura andrógena ou transgênero.
- Seu
Papel: Responsável pela fertilidade da terra e pelo sucesso das
colheitas. Concedia alimentos abundantes. Era vista como uma deusa
compassiva que dava generosamente.
- Rituais: Grandes
festivais agrícolas eram dedicados a Lakapati. Ofereciam-lhe as primeiras
colheitas ("primícias"). Acreditava-se que ela caminhava pelos
campos à noite, abençoando as plantações.
- Exemplo
Prático: Durante a época do plantio, comunidades realizavam
grandes festas (pigtú). Ofereciam comida, vinho de palma (tuba) e
presentes simbólicos a Lakapati. Pediam chuva no momento certo e
colheitas fartas.
- Mayari:
A Poderosa Deusa Lua
- Quem
Era: Mayari
Deusa da lua, da noite, da guerra e da beleza. Frequentemente
descrita como uma guerreira formidável e incrivelmente bela. Filha de
Bathala.
- Uma
História Famosíssima: Conta-se que Mayari e seu irmão, Apolaki
(deus do sol), disputaram o controle do mundo após a morte de Bathala. A
luta foi feroz. Mayari perdeu um olho. Apolaki, arrependido, propôs
dividir o domínio. Ele governaria o dia. Ela governaria a noite. Por
isso, a lua brilha com uma luz mais suave que o sol.
- Seu
Papel: Governava a noite, os ciclos lunares, a beleza feminina e
a guerra estratégica. Protetora dos viajantes noturnos.
- Exemplo
Prático: Guerreiros pediam coragem e estratégia a Mayari antes
da batalha. Viajantes agradeciam pela luz da lua que os guiava com
segurança. Mulheres admiravam sua beleza e força.
- Apolaki
(ou Adlaw): O Radiante Deus Sol
- Quem
Era: Deus do sol, da guerra, da luz e da patronagem. Irmão (e às
vezes rival) de Mayari. Filho de Bathala.
- Seu
Papel: Trazia luz, calor e vida ao mundo. Era um deus guerreiro,
associado à coragem no campo de batalha. Patrono dos governantes e
guerreiros.
- Exemplo
Prático: Guerreiros invocavam Apolaki para lhes dar força,
coragem e vitória na guerra. Agricultores agradeciam pelo sol que fazia
as plantações crescerem. Líderes buscavam sua orientação para governar
com justiça e força.
- Tala:
A Estrela Brilhante da Manhã
- Quem
Era: Tala
Deusa das estrelas, particularmente associada à estrela da manhã
(Vênus). Filha de Bathala e irmã de Mayari e Apolaki.
- Seu
Papel: Guiava os viajantes à noite, especialmente no mar. Sua
aparição anunciava a chegada do amanhecer.
- Exemplo
Prático: Navegadores noturnos usavam a posição de Tala (e outras
estrelas) para se orientar. Sua aparição trazia conforto, indicando que o
dia e a segurança estavam próximos.
- Hanan:
A Fresca Deusa do Amanhecer
- Quem
Era: Deusa do amanhecer, do ar fresco da manhã e dos novos
começos. Filha de Bathala.
- Seu
Papel: Trazia a luz suave da manhã, afastando as sombras da
noite. Simbolizava esperança, renovação e o início de novos trabalhos.
- Exemplo
Prático: As pessoas saudavam Hanan ao amanhecer. Agradeciam pela
nova oportunidade do dia. Era um momento considerado propício para
iniciar viagens ou projetos importantes.
Figuras Adicionais e Espíritos Cruciais
O Panteão Tagalog ia além dessas grandes
divindades. Incluía outras figuras importantes e uma infinidade de anitos:
- Ulilang
Kaluluwa (ou Ulilang Kaluluwa): Um deus serpente ou dragão que
vivia nas nuvens. Representava o caos primordial. Bathala teria derrotado
ou assimilado Ulilang Kaluluwa para criar o mundo ordenado. Simbolizava a
vitória da ordem sobre o caos.
- Galang
Kaluluwa (ou Galang Kaluluwa): Um deus errante e alegre,
frequentemente descrito como usando asas. Representava a liberdade e a
viagem. Algumas lendas o colocam como um amigo ou contraparte de Bathala.
- Anitos
(Diwatas em Alguns Contextos): Como dito, eram os espíritos
onipresentes. Eles habitavam lugares naturais, objetos, plantas, animais e
ancestrais. Os anitos exigiam respeito. Eles podiam
ajudar ou atrapalhar os humanos, dependendo do tratamento recebido.
- Anitos
dos Antepassados (Nuno sa Punso, etc.): Espíritos de ancestrais
eram especialmente reverenciados. Acreditava-se que eles protegiam os
descendentes vivos. Ofendê-los podia trazer má sorte ou doença. Espíritos
específicos guardavam locais como montes de terra (Nuno sa Punso) ou
árvores antigas.
- Diwatas: Em
algumas tradições e regiões, "diwata" referia-se a espíritos da
natureza mais elevados e benevolentes. Viviam em florestas profundas,
montanhas ou fontes de água. Eram belos e poderosos. Podiam conceder
favores ou punir intrusos desrespeitosos.
Como os Antigos Tagalogs Adoravam: Rituais e Práticas
A comunicação com o Panteão Tagalog e
os anitos era central na vida quotidiana pré-colonial. Isso
acontecia através de rituais complexos liderados por figuras específicas:
- O
Babaylan (ou Catalonan): A Ponte Entre os Mundos
- Quem
Era: Geralmente mulheres (embora houvesse homens), os babaylan eram
xamãs, curandeiros, sacerdotisas e líderes espirituais da comunidade.
Possuíam profundo conhecimento de ervas, espíritos, rituais e histórias
ancestrais.
- Seu
Papel: Eram essenciais. Atuavam como intermediários entre o
mundo humano e o mundo espiritual. Realizavam rituais, diagnosticavam
doenças (muitas vezes vistas como causadas por espíritos ofendidos),
prescreviam curas, interpretavam presságios e guiavam a comunidade em
assuntos espirituais.
- Principais
Rituais e Oferendas:
- Pag-aanito
(ou Anitohan): Este era o ritual central de adoração. Envolvia
invocar um deus específico ou um anito.
- Como
Funcionava: O babaylan liderava a cerimônia.
Usava cantos específicos, danças, batidas de gongo (agong) e, às vezes,
entrava em transe. A comunidade participava ativamente.
- Oferendas
(Alay ou Atang): Elementos fundamentais. Eram oferecidos para
agradar as divindades e espíritos, pedir favores ou agradecer. Incluíam:
- Comida
e Bebida: Arroz cozido (kanin), bolos de arroz (kakanin), porco
cozido, frango, peixe, frutas, tuba (vinho de palma) e água.
- Objetos
Valiosos: Ouro, jóias, tecidos finos (como seda).
- Animais: Sacrifício
de animais, especialmente porcos e galinhas. O sangue era considerado
poderoso.
- Altar
(Dambana): As oferendas eram colocadas num altar temporário ou
permanente. Pode ser uma simples esteira no chão, uma plataforma de bambu
ou um pequeno santuário numa árvore ou rocha sagrada.
- Festivais
(Pagtatawas / Baylánan / Pigtú): Grandes cerimônias
comunitárias. Celebravam colheitas, vitórias na guerra, casamentos,
funerais ou épocas importantes do ano. Envolviam banquetes, música,
dança, rituais liderados pelo babaylan e oferendas
generosas. O pigtú era especificamente uma festa
agrícola grandiosa para Lakapati.
- Respeito
Diário: Além dos rituais formais, o respeito aos anitos era
constante. Por exemplo:
- Pedir
permissão antes de cortar uma árvore grande ou entrar numa floresta
densa.
- Não
perturbar um monte de terra (punso) para não ofender o Nuno que lá vive.
- Oferecer
uma pequena oração ou gesto de respeito ao passar por um local conhecido
por ser habitado por espíritos.
O Impacto da Colonização: Resistência e Sincretismo
A chegada dos espanhóis no século XVI foi um terremoto para
o Panteão Tagalog.
- Repressão
Violenta: Os colonizadores espanhóis, liderados pela Igreja
Católica, viram as crenças indígenas como idolatria demoníaca.
Consequentemente, empreenderam uma campanha agressiva para erradicá-las.
- Destruição
de dambanas (altares) e objetos sagrados.
- Perseguição
e até execução de babaylan. Muitos foram acusados de
bruxaria.
- Proibição
de rituais tradicionais como o pag-aanito e festivais
como o pigtú.
- Queima
de registros escritos em Baybayin (o antigo alfabeto tagalog) que
poderiam conter mitos e rituais.
- Resistência
e Rebeliões: Os babaylan não desapareceram
passivamente. Frequentemente, tornaram-se líderes de resistência cultural
e política. Várias rebeliões importantes foram lideradas por babaylan ou
inspiradas na defesa das crenças antigas. Exemplos incluem a Rebelião de
Tapar (Panay, 1663) e a longa resistência de Bancao em Leyte.
- Sincretismo:
A Fusão Sobrevivente: Apesar da repressão, as crenças antigas não
morreram completamente. Elas se fundiram com o catolicismo imposto,
criando um sincretismo religioso único. Isso é visível
até hoje:
- Santos
Substituindo Deuses: Santos católicos assumiram os papéis de
antigas divindades. Por exemplo:
- Bathala foi
identificado com Deus Pai.
- Maria (especialmente
Nossa Senhora de Antipolo, Padroeira dos Viajantes) incorporou aspectos
de Diyan Masalanta (proteção, amor) e Lakapati (fertilidade,
generosidade).
- São
Isidro Labrador (padroeiro dos agricultores) absorveu aspectos
de Idiyanale e Lakapati.
- Santo
Niño (Menino Jesus) tornou-se extremamente popular, talvez
incorporando a veneração por crianças e novos começos.
- Rituais
Adaptados: Elementos de antigos rituais sobreviveram disfarçados
em festas católicas (fiestas patronales). Oferendas (atang) ainda
são feitas, muitas vezes aos pés de imagens de santos. Crenças
sobre anitos persistem, como o respeito ao Nuno
sa Punso.
- Práticas
de Cura: Muitos conhecimentos tradicionais dos babaylan sobre
ervas e cura foram preservados. Passaram a ser praticados por arbularyos (curandeiros)
que frequentemente combinam orações católicas com métodos ancestrais.
A Preservação Moderna e o Renascimento Cultural
Felizmente, existe um movimento crescente para resgatar e
preservar o Panteão Tagalog e as crenças pré-coloniais:
- Estudo
Acadêmico: Historiadores, antropólogos e linguistas filipinos
estudam fontes coloniais, tradições orais e práticas remanescentes. Seu
objetivo é reconstruir o mais fielmente possível as crenças originais.
- Literatura
e Artes: Escritores, artistas visuais, músicos e cineastas estão
incorporando as histórias e figuras do Panteão Tagalog em
seu trabalho. Isso traz as divindades de volta à imaginação popular.
Exemplos incluem quadrinhos (komiks), romances, esculturas, pinturas e
música contemporânea.
- Movimentos
Neo-Xamânicos e Indigenistas: Alguns grupos buscam reviver
práticas espirituais baseadas nas tradições pré-coloniais. Eles estudam os
papéis do babaylan e procuram adaptar rituais antigos
para o contexto moderno. Isso está ligado a uma busca mais ampla por
raízes culturais e identidade filipina autêntica.
- Educação
e Conscientização: Há esforços para incluir essas mitologias nos
currículos escolares e em museus. O objetivo é ensinar às novas gerações
sobre este aspecto fundamental de sua herança.
Por Que Conhecer o Panteão Tagalog Hoje?
Entender o Panteão Tagalog vai além de
simples curiosidade histórica. É profundamente relevante:
1. Raízes
da Identidade Filipina: Esses mitos e crenças formam o substrato
cultural mais antigo das Filipinas. Conhecê-los ajuda a entender valores,
medos, esperanças e a visão de mundo que moldaram o povo filipino.
2. Resistência
Cultural: A sobrevivência de elementos do Panteão Tagalog,
mesmo que sincretizados, é um testemunho da resiliência da cultura filipina.
Mostra como um povo pode absorver influências externas sem perder completamente
sua essência.
3. Conexão
com a Natureza: O animismo inerente ao Panteão Tagalog promovia
um profundo respeito pelo meio ambiente. Relembrar essa conexão é vital num
mundo que enfrenta crises ecológicas.
4. Fonte
de Orgulho e Inspiração: As histórias de Bathala, Mayari, Lakapati e
outros são parte do patrimônio único das Filipinas. Conhecer e celebrar essas
divindades é uma forma de afirmar a riqueza e autonomia da cultura filipina.
5. Compreensão
da Sociedade Moderna: Muitos costumes, superstições e até aspectos do
catolicismo popular filipino só fazem sentido quando entendemos suas raízes nas
crenças pré-coloniais. O sincretismo é uma chave para decifrar
a complexa identidade espiritual filipina atual.
Conclusão: O Eco dos Deuses Antigos
O Panteão Tagalog não é apenas uma coleção
de histórias antigas. Ele representa um sistema completo de crenças. Este
sistema orientava a vida, explicava o universo e conectava os tagalogs
ancestrais ao mundo espiritual e natural. A colonização tentou apagá-lo. Contudo,
os ecos dos deuses antigos nunca silenciaram completamente.
Nas orações aos santos que também são oferendas aos anitos,
nos rituais de cura dos arbularyos, no respeito instintivo por uma
árvore antiga ou um monte de terra, e no crescente interesse pela figura
do babaylan, o Panteão Tagalog sobrevive. Ele é
uma corrente subterrânea que continua a alimentar a alma filipina.
Descobrir o Panteão Tagalog é, portanto,
uma jornada de autodescoberta para os filipinos. É também um convite para o
mundo apreciar a rica e complexa tapeçaria mitológica das Filipinas. Esses
deuses e espíritos podem não receber mais grandes festivais como o pigtú.
Mas suas histórias, seu simbolismo e o espírito de respeito que representam
continuam relevantes.
Que a luz de Tala continue a guiar aqueles que buscam entender estas raízes profundas. Que a força de Mayari inspire a preservação desta herança única. Que a generosidade de Lakapati nos lembre de compartilhar este conhecimento. Afinal, os deuses antigos ainda têm muito a nos ensinar sobre quem somos e de onde viemos. A jornada para desvendar completamente o Panteão Tagalog continua, uma história de cada vez.